Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1807, n.º 18.

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Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1807, n.º 18.

Detalhes do registo

Nível de descrição

Unidade de instalação   Unidade de instalação

Código de referência

PT/AHALM/CMALM/P-D/001/0016

Tipo de título

Formal

Título

Observações médicas e meteorológicas, do ano de 1807, n.º 18.

Datas de produção

1807-01-01  a  1808 

Dimensão e suporte

1 liv. (10 f.: 10 f. ms. não num., 347 x 225 x 3 mm); papel.

Extensões

1 Livro

Âmbito e conteúdo

No diário médico do ano de 1807, o médico Dr. José Joaquim Alvares, inicia a sua exposição, relatando algumas situações clínicas, entre as quais, a de: mulher de Silvestre José, 23 anos, de idade. O médico terá sido chamado, para assisti-la, no dia 3 de janeiro. Ao observa-la, constatou que, a senhora teria dado à luz, havia 3 dias, apesar de, no tempo de gravidez ter passado muito incomodada. Neste dia, teve muita febre, com arrepios de frio. Sendo natural, neste período de tempo, ter febre derivado ao leite, não teve qualquer receio; contudo, a febre não desapareceu, pois não só, a mesma continuou, como teve progressos rápidos, porque o leite, em vez de procurar as glândulas mamárias, espalhou-se pelo corpo, tendo tido, o seguinte resultado: o ventre meteorizou-se, as extremidades enfartaram-se e estabeleceu-se uma diarreia de matéria láctea, ao oitavo dia. Quando, mais tarde, viu a doente, esta delirava, tinha o pulso impercetível, a grossura dos braços era monstruosa e a matéria láctea era muito abundante. Tudo isto, obrigou o médico a usar um emético e mandou dar 20 grãos de ipecacuanha em pó, dividida em 2 papeis, para tomar um e decorrida 1 hora, tomar outro. Com este remédio, vomitou muito. Mandou também, que dessem à doente, 2 onças de óleo de amêndoas doces, em 2 grãos de quermes, e suficiente quantidade de xarope de alteia, para tomar às colheres. No dia 9, voltou a vomitar. Depois de vomitar, os braços diminuíram de volume, o pulso erigiu-se muito, os lóquios que se tinham suprimido, apareceram, pouco a pouco, e a diarreia diminuiu. Embora houvesse melhoras, a doente continuava em grande abatimento, pelo que, no dia 12, repetiu o mesmo vomitório e com este teve igual ou maior descarga e os resultados foram iguais. Nos dias 13 e 14, a doente descansou. No dia 15, receitou um evacuante composto de 2 oitavas de folhas de sene, 2 onças de Maná e 2 oitavas de sal de Glauber. Este último remédio foi repetido no dia 18, e foi o suficiente, para a doente ficar restabelecida de uma moléstia tão grave. Restava-lhe algum edema e debilidade de estômago e, para isto prescreveu infusão fria de quina que tomou e, por fim, a doente ficou bem.[Im. 3028_0005, 3028_0006 e 3028_0007]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75377http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75378http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75379No dia 4 de março, foi chamado, para observar Maria Teresa, 19 anos, de idade, moradora, em Caparica. Temperamento forte e sanguínea, que estava no sexto mês de gravidez (grávida pela primeira vez). Ao observa-la, verificou que a senhora estava deitada sem ordem, na cama. Tinha os olhos abertos; porém, o olhar era espantado, queixo fechado, a boca cheia de espuma, os membros inflexíveis, e não dava nenhuma demonstração de os sentidos terem tido algum exercício.À primeira vista, pensou tratar-se de uma epilepsia. Contudo, depois de perguntar aos assistentes, se os referidos ataques eram habituais, percebeu que, de facto, tratava-se do primeiro espasmo. Assim, refletindo na palidez do rosto, na extinção de respiração quase completa e na fraqueza da pulsação das artérias, concluiu ser um ataque convulsivo diferente dos epiléticos. Os assistentes informaram-no, que a doente, havia dias em que comia pouco e queixava-se de não ter bom gosto na boca, vómitos, dores de cabeça e aflições interiores. Para evitar isto, foi sangrada.Reparou que a maxila inferior e todos os membros da doente moviam-se convulsivamente, principalmente, os olhos, que pareciam ter movimento circular muito rápido, nas órbitas. Teve vómitos de matéria amarela e espessa e este estado durou perto de 2 horas. Sintomas como: atonia e prostração foram consequências de um acesso tão longo e forte. Nessa tarde, mandou tomar uma emulsão de sementes frias com xarope de diacódio e clisteres laxantes. De noite, teve 3 acessos pequenos, em que só a maxila inferior e os braços tinham sido afetados. De manhã, aquando da sua visita, a doente tinha um leve delírio, atormentada, com náuseas contínuas, dores de cabeça violentas e dores esporádicas, na região lombar e ventre, que pareciam anunciar a proximidade do parto. As referidas dores eram acompanhadas de movimentos convulsivos, que terminavam num vómito bilioso. Tinha o pulso pequeno muito comprimido, intercadente e irregular, a língua ferida pelos dentes, nos movimentos convulsivos, e coberta de uma crosta viciosa, o ventre desembaraçado, por causa do uso efetuado, no dia anterior, com os clisteres, a urina clara e transparente.Pensou que devia tratar o estômago dos humores acres e estimulantes que continha e que, na opinião do médico, era a causa principal de tantas crises de espasmos. Prescreveu: emético de ipecacuanha e tártaro [?] em pequenas doses. A seguir, vomitou […] e teve mais um acesso convulsivo igual aos dias antecedentes, com a diferença de durar somente 5 minutos. Seguiram-se: sonolências, mas com pouca duração, dado que as dores lombares e uterinas a despertavam.[...]por não ter evacuado, mandou que lhe dessem 2 oitavas de cremor de tártaro, desfeitas em água, que originou 2 dejeções biliosas.Na noite seguinte, não teve vómitos nem convulsões. As dores abdominais foram menos frequentes e menos fortes. No dia seguinte, a doente estava consciente. Tinha a cara mais corada, os olhos naturais e quietos, o pulso regular e as dores do abdómen eram suportáveis. No dia 11, purgou-a com um laxante, que obrigou a ter bastantes dejeções biliosas. Posteriormente, as melhoras foram progredindo, até ao dia 23 do mesmo mês; dia em que teve um novo ataque convulsivo, apesar de não ser tão grande. Para este ataque, prescreveu: tintura tebaica e água de canela espirituosa, para tomar em doses ordinárias, com o que se restabeleceu. Após 15 dias, deu à luz, com muita facilidade e felicidade, e tanto neste período de tempo, como mais tarde, não voltou a ter nenhum indício de repetição de semelhante moléstia.[Im. 3028_0008, 3028_0009, 3028_0010, 3028_0011, 3028_0012 e 3028_0013]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75380http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75381http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75382http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75383http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75384<http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75385No dia 30 de novembro, o médico foi chamado a Cacilhas, para ver José Joaquim, 5 anos, de idade, que estava doente, havia mais de 2 meses. Anteriormente, tinha sido observado pelo cirurgião, tendo, tratado, como sendo sezões e, para esse efeito, receitou-lhe vomitório, purgante, água inglesa, entre outros. Aquando da visita do médico, o doente encontrava-se marasmado (conceito: apatia profunda e / ou magreza e fraqueza extremas) com convulsões continuadas. Tinha o pulso pequeno e muito frequente e as pupilas muito dilatadas.Pensando que, a origem da doença teria a ver mais com vermes do que com sezões, e para o tratar, prescreveu: clisteres de aloés, na dose de um seropulo, em infusão de Marcela; e pela boca, 4 grãos de clamolanos de reverio [?], juntos a algum açúcar, para tomar, pela manhã, e outros 4 grãos de tarde. Este remédio fez algum efeito, porque o doente deitou grande porção de vermes, no segundo dia, em que tomou o remédio; porém, as forças eram tão poucas, o doente não queria comer nem tomar o remédio e, ao mesmo tempo, as convulsões eram tão continuadas, que não conseguiu vencer a moléstia, morrendo, ao quinto dia em que o médico o visitou.[Im. 3028_0018, 3028_0019 e 3028_0020]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75390http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75391http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75392Finaliza, realizando uma tabela, na qual, observa a meteorologia, relacionando as graduações maiores, médias e menores, juntamente, com os ventos e qualidades de tempo mais gerais, tendo em conta, os instrumentos: barómetro e termómetro, entre os meses de janeiro a dezembro de 1807.[Im. 3028_0021]Disponível em:http://www.m-almada.pt/arquivohistorico/viewer?id=4959&FileID=75393Médico: José Joaquim Alvares.

Cota descritiva

3028.

Idioma e escrita

Português.